sábado, 28 de janeiro de 2017

† JESUS O CRISTO.

  Αγαπούν την αλήθεια που είναι ΧΡΙΣΤΟΥ









Estava na Igreja e um dos coroinhas chamado Gabriel, ainda em fase de catequese me perguntou: "Jesus  e o Cristo são duas pessoas?" Face a esta pergunta resolvi escrever sobre o nome do filho de Deus.


O nome do filho de Deus é Jesus, palavra que significa:Deus Salva e  a sua missão aqui na terra  era esperado e anunciado no A.T., pois esperavam o messias.

Então porque  se chama Jesus de Jesus Cristo. Vejamos a explicação abaixo:

Cristo significa redentor, messias. Do latim “Christu”, derivado do grego “Khristós”, que significa “ungido”, que por sua vez deriva do hebraico “Mashiach” que significa “Messias”.


Podemos assim dizer que Jesus e Cristo é a mesma pessoa , sendo que a primeira palavra significa  o seu nome e  a segunda palavra sua missão ou falando de uma maneira bem simples , a  sua profissão.


segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

† IGREJA DE ROMA.

  IGREJA CATÓLICA A IGREJA DO DEUS VIVO.





SANTO INÁCIO DE ANTIOQUIA SOBRE A IGREJA DE ROMA.





"Aquela que recebeu misericórdia na magnificência do Pai Altíssimo e de Jesus Cristo, seu único filho, a Igreja amada e iluminada na vontade de quem quis todas as coisas que existem, na fé e na caridade de Jesus Cristo nosso Deus, que preside na terra de Roma, digna de Deus, de veneração, de louvor, de sucesso, de candura, que preside à caridade, que carrega a lei de Cristo e o nome do Pai. Àqueles que estão unidos na carne e no espírito a todo mandamento seu, cheios da graça de Deus de forma firme e livres de toda mancha, desejo uma alegria pura em Jesus Cristo nosso Deus."



Trexo da carta  aos Romanos , ano 110 d.C do Bispo Santo Inácio de Antioquia.



Apostolo Paulo a Igreja de Roma



7.a todos os que estão em Roma, queridos de Deus, chamados a serem santos: a vós, graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e da parte do Senhor Jesus Cristo!


8.Primeiramente, dou graças a meu Deus, por meio de Jesus Cristo, por todos vós, porque em todo o mundo é preconizada a vossa fé.

(Carta aos Romanos 1, 7-8)






† CARTAS DO BISPO SANTO INÁCIO DE ANTIOQUIA AOS ROMANOS.



 Αγαπούν την αλήθεια που είναι ΧΡΙΣΤΟΥ







CARTA AOS ROMANOS





Saudação

Inácio, também chamado Teóforo, àquela que recebeu misericórdia na magnificência do Pai Altíssimo e de Jesus Cristo, seu único filho, a Igreja amada e iluminada na vontade de quem quis todas as coisas que existem, na fé e na caridade de Jesus Cristo nosso Deus, que preside na terra de Roma, digna de Deus, de veneração, de louvor, de sucesso, de candura, que preside à caridade, que carrega a lei de Cristo e o nome do Pai. Àqueles que estão unidos na carne e no espírito a todo mandamento seu, cheios da graça de Deus de forma firme e livres de toda mancha, desejo uma alegria pura em Jesus Cristo nosso Deus.

Acorrentado a Jesus Cristo

1. Depois de haver rezado a Deus, pude ver os vossos santos rostos e obter mais do que havia pedido. Acorrentado a Jesus Cristo, espero saudar-vos, se for da vontade de Deus que eu seja digno até o fim. O início é fácil de se cumprir, mas gostaria de conseguir minha herança sem obstáculos. Porém temo que o vosso amor me seja nocivo. Para vós é fácil fazer o que quereis, para mim é difícil chegar a Deus se não me pouparem.

O altar está pronto

2. Não quero que sejais estimados pelos homens, mas por Deus, como sois queridos. Não terei outra ocasião como esta para chegar a Deus, nem vós, mesmo calando-vos, teríeis como aderir a uma obra maior. Se vos calastes por mim, tornar-me-ei de Deus; se amais minha carne, de novo estarei a correr. Não me possais fazer nada melhor que deixar-me ser imolado a Deus, até quando estiver pronto o altar, para cantar unidos em coro na caridade ao Pai em Jesus Cristo, porque Deus julgou dignou que o bispo da Síria tenha se encontrado aqui, vindo do Oriente ao Ocidente. É bom desaparecer do mundo para o Senhor e nele ressurgir.

O cristianismo odiado pelo mundo

3. Não destes nunca posse a ninguém, ensinastes aos outros. Desejo que permaneça firme o que houvestes ensinado. Por mim, pedis somente a força interior e exterior para que não só fale, mas também deseje, a fim de que não apenas me diga cristão, mas que o seja de fato. Se o sou, poderia também ser chamado e então ser fiel quando não aparecer ao mundo. Nada do que é visível é bom. Nosso Senhor Jesus Cristo, estando no Pai, se manifesta de modo melhor. O cristianismo não é obra de persuasão, mas de grandeza, quando é odiado pelo mundo.

Sou o trigo de Deus

4. Escrevo a todas as igrejas e anuncio a todos que morro livremente por Deus, se vós não me impedirdes. Rogo-vos que não tenhais por mim uma benevolência inoportuna. Deixais que eu seja alimento das feras pelas quais me é possível chegar a Deus. Sou trigo de Deus e triturado pelos dentes das feras para me tornar pão puro de Cristo. Antes, acaricieis as feras para que se tornem minha tumba e nada deixem do meu corpo, e eu morto não seja pesado a ninguém. Então serei verdadeiramente discípulo de Jesus Cristo, quando o mundo não vir o meu corpo. Rogai ao Senhor por mim para que com aqueles meios eu seja vítima para Deus. Não vos dou ordens, como Pedro e Paulo. Eles eram apóstolos, eu um condenado; eles eram livres, eu até agora sou escravo. Mas se sofro estarei apoiado em Jesus Cristo e ressuscitarei livre nele. Agora acorrentado, aprendo a não desejar nada.

Alcançar Cristo

5. Da Síria a Roma combato com as feras, na terra e no mar, de noite e de dia, unido a dez leopardos, o destacamento dos soldados. Os beneficiados tornam-se piores. Por causa de sua maldade eu aprendo mais, “mas não por isso sou justificado”. Pudesse eu chegar às feras que me estão preparadas, rezo para que aconteça logo. Eu as treinarei para que me devorem rápido e não aconteça, como para alguns, que atemorizadas não os tocaram. Se receosas não quiserem, eu as obrigarei. Perdoem-me, sei o que me convém. Agora começo a ser um discípulo. Nada de visível e de invisível tenha inveja porque eu alcanço Jesus Cristo. O fogo, a cruz, as feras, as retalhações, os esquartejamentos, as luxações dos ossos, as mutilações dos membros, a trituração de todo o corpo, os perversos tormentos do diabo venham sobre mim, porque quero somente encontrar Jesus Cristo.

Imitar a paixão de Cristo

6. De nada me valeriam as ilusões do mundo e todos os reinos deste século. É melhor para mim morrer por Jesus Cristo que reinar até os confins da terra. Busco Aquele que morreu por nós; quero Aquele que ressurgiu por nós. O meu renascer está próximo. Perdoai-vos, irmãos, não impeçais que eu viva, não queirais que eu morra. Não abandoneis ao mundo nem deixeis seduzir com a matéria quem quer ser de Deus. Deixai que eu receba a pura luz, pois chegando lá serei homem. Deixai que eu seja imitador da paixão do meu Deus. Se alguém o possui em si, compreenda o quanto desejo e compadeça-se de mim, conhecendo o que me angustia.

O amor crucificado

7. O príncipe deste mundo quer arruinar e destruir o meu propósito em relação a Deus. Nenhum de vós aqui presentes o auxilie. Estai antes do meu lado, isto é, de Deus. Não faleis de Jesus Cristo enquanto desejais o mundo. Não haja em vós ciúmes. Mesmo se próximo a vós, vos suplico de não obedecer-me. Obedecei ao que vos escrevo. Vivendo, vos escrevo que anseio morrer. Minha paixão humana foi crucificada e não existe em mim um fogo material. Uma água viva fala-me aqui dentro e me diz: “vem para o Pai”. Não me atraem o alimento da corrupção e os prazeres desta vida. Quero o pão de Deus, que é a carne de Jesus Cristo, da descendência de Davi, e como bebida o seu sangue, que é o amor incorruptível.

Escrevo segundo o Espírito de Deus

8. Não quero mais viver segundo os homens. Isso acontecerá se vós o quisestes. Desejai-o para que também vós possais ser queridos por ele. Peço-vos com poucas palavras: crede em mim. Jesus Cristo vos fará ver que eu falo sinceramente; Ele é a boca infalível com a qual o Pai verdadeiramente falou. Pedi por mim para que eu o alcance. Não escrevi segundo a carne, mas segundo o Espírito de Deus. Se sofro é porque me amastes, se sou recusado é porque me odiastes.

Despedida

9. Recordai-vos na vossa oração da Igreja da Síria, que no meu lugar tem Deus por pastor. Somente Jesus Cristo vigiará sobre ela e a vossa caridade. Eu me envergonho de ser contado entre seus membros, não sou digno dela porque sou o último deles, um aborto. Mas pela misericórdia sou alguém, se chego a Deus. Meu espírito vos saúda e a caridade das igrejas que me acolheram no nome de Jesus Cristo e não como um viajante. De fato, mesmo não se encontrando sobre o meu caminho fisicamente, me precederam de cidade em cidade.

10. Isso vos escrevo de Esmirna por meio dos beatíssimos efésios. Comigo, entre tantos, está Crocos, um nome muito caro a mim. Creio que vós conhecereis aqueles que me precederam da Síria até Roma, na glória de Deus. Comunicai-lhes que estou perto. Todos são dignos de Deus e de vós: convém que os conforteis em tudo. Eu vos escrevo nove dias antes das calendas de setembro. Sede fortes até o fim na espera de Jesus Cristo.

domingo, 15 de janeiro de 2017

† CARTAS DO BISPO SANTO INÁCIO DE ANTIOQUIA AOS TRALIANOS.



  Αγαπούν την αλήθεια που είναι ΧΡΙΣΤΟΥ







CARTA AOS TRALIANOS



Inácio, também chamado Teóforo, à Igreja santa de Trales na Ásia, Igreja amada por Deus, Pai de Jesus Cristo, eleita e digna de Deus, que possui a paz na carne e no espírito pela Paixão de Jesus Cristo, nossa esperança na ressurreição que nos conduzirá a ele. Saúdo-a em toda a plenitude, à maneira dos Apóstolos e lhe transmito os votos da maior felicidade.

Capítulo I

Convenci-me de vossos sentimentos puros e intocáveis na paciência; vós os tendes não apenas para uso mas por natureza, como me esclareceu Políbio, vosso bispo, que compareceu por vontade de Deus e Jesus Cristo, em Esmirna, para regozijar-se desta forma comigo prisioneiro em Jesus Cristo. Nele, pude assim contempla toda a vossa comunidade. Tendo pois experimentado através dele vossa benevolência segundo Deus, eu O glorifiquei, sabendo-vos imitadores d’Ele.


Capítulo II

Na hora em que vos submeteis ao bispo como a Jesus Cristo, me dais a impressão de não viverdes segundo os homens, mas segundo Jesus Cristo, que morreu por nós para fugirdes à morte pela confiança na morte d’Ele. É mesmo necessário, como alias e de vosso feitio, nada empreender sem o bispo, mas submeter-vos também ao presbitério como a apóstolos de Jesus Cristo nossa Esperança, no qual nos encontraremos se assim nos portarmos. Faz-se igualmente mister que os que são diáconos dos mistérios de Jesus Cristo agradem a todos em tudo. Pois não é de comidas e bebi­das que são diáconos, mas são servos da Igreja de Deus. Terão que precaver-se pois contra as acusações, como contra o fogo.

Capítulo III

Da mesma forma deverão todos respeitar os diáconos como a Jesus Cristo, como também ao bispo que é a imagem do Pai, aos presbíteros, porém como ao se­nado de Deus e ao colégio dos apóstolos. Sem eles, já não se pode falar de Igreja. Estou convencido que em relação a eles assim procedeis, pois recebi e guardo comigo a prova de vossa caridade na pessoa de vosso bispo: sua mesma presença se constitui num grande ensinamento, sua mansidão é um poder. Suponho que os próprios ateus o respeitem. Por amor vos poupo, embora pudesse escrever com mais veemência sobre o assunto. Não me atrevi a dar-vos ordens, como se fosse Apóstolo, pois me encontro na condição de condenado.

Capítulo IV

Chego a pensar muita coisa em Deus, mas me contenho, para não me perder na vanglória. É exata­mente nesta hora que mais devo cuidar-me, não dando atenção aos que me exaltam, pois enquanto falam estão a flagelar-me. Amo, é certo, o sofrimento, mas não sei se sou digno dele. Minha impaciência não transparece aos olhos da multidão, a mim é que me tortura tanto mais. Necessito assim de mansidão, na qual se aniquila o príncipe deste mundo.

Capítulo V

Não saberia eu descrever-vos as coisas do céu? Receio, porém, fazer-vos mal, já que sois ainda crianças. Perdoai-me, se não o faço; não sendo capazes de assimilar, poderíeis sufocar-vos. Pois também eu, embora prisioneiro e capaz de conhecer coisas celestes, mesmo as hierarquias dos anjos e os exércitos dos principados, coisas visíveis e invisíveis, nem por isso ainda sou discípulo. Muito nos falta, para que Deus não nos chegue a faltar.


Capítulo VI

Exorto-vos, pois – não eu, mas o amor de Jesus Cristo: Servi-vos tão somente de alimento cristão, abstende-vos de planta estranha, isto é, de heresia. Misturam Jesus Cristo a si próprios, fazendo passar-se por dignos de fé, como quem mistura droga mortífera juntamente com vinho e mel, bebida que o ignorante toma com gosto, mas gosto mau, pois é para a morte.

Capítulo VII

Cuidai-vos, pois, de tais pessoas. Fá-lo-eis, se não vos orgulhardes e não vos separardes de Jesus Cris­to Deus, nem do bispo nem das prescrições dos Após­tolos. Quem se encontra no interior do santuário é puro; quem se encontra fora do santuário não é puro, isto é, quem pratica alguma coisa sem o bispo, o presbitério e o diácono, este não é puro em sua consciência.

Capítulo VIII

Não que tivesse conhecimento de algo assim entre vós; tento sim prevenir-vos como a pessoas queridas, prevendo as ciladas do diabo. Adotai, pois a mansidão e renovai-vos na fé, que é a carne do Senhor, e na caridade, que é o sangue de Jesus Cristo. Ninguém dentre vós tenha algo contra o vizinho. Não deis pretextos aos gentios, para que a comunidade de Deus não seja injuriada por causa de uns poucos insensatos. Pois ai daquele por cuja leviandade meu nome for por alguns blasfemado.

Capítulo IX

Mantende-vos surdos na hora em que alguém vos falar de outra coisa que de Jesus, da descendência de Davi filho de Maria, o qual nasceu de fato, comeu e bebeu, foi de fato perseguido sob Pôncio Pilatos, de fato foi crucificado e morreu à vista dos que estão nos céus, na terra e debaixo da terra. O qual de fato também ressurgiu dos mortos, ressuscitando-O o próprio Pai. É o mesmo Pai d’Ele que, à Sua semelhança, ressuscitará em Cristo Jesus aos que cremos n’Ele; fora d’ele, não temos vida verdadeira.


Capítulo X

Se porém, como afirmam alguns que são ateus, isto é, sem fé, Ele só tivesse sofrido aparentemente – eles é que só existem aparentemente – eu por que estou preso, por que peço para combater com as feras? Morro pois em vão. Estaria então a mentir contra o Senhor.

Capítulo XI

Fugi pois destas plantas parasitas, que produzem fruto mortífero. Se alguém provar delas morre na hora. Não são pois eles plantação do Pai. Se o fossem, apareceriam como rebentos da cruz, e seu fruto se­ria imperecível. Pela Cruz, Ele vos conclama em sua Paixão como Seus membros. Não pode uma cabeça nascer sem membros, uma vez que Deus nos promete a unidade que é Ele próprio.

Capítulo XII

Saúdo-vos de Esmirna, em companhia das Igrejas de Deus que estão comigo, elas que em todo sentido me confortaram na carne e no espírito. Meus grilhões, que carrego por amor de Jesus Cristo com o pedido de que encontre a Deus, vos conclamam: perseverai em vossa concórdia e na oração comum! Convém que cada um de vós, e de modo particular os presbíteros, confortem o bispo para a honra do Pai, de Jesus Cristo e dos Apóstolos. Desejo que me escuteis com amor, para que com minha carta não me transforme em testemunho contra vós. Rezai também por mim, que preciso de vossa caridade junto à misericórdia de Deus, para tornar-me digno da herança que me toca alcançar, para não ser encontrado indigno de recebê-la.

Capítulo XIII

Saúda-vos a caridade dos esmirnenses e efésios. Lembrai-vos em vossas orações da Igreja na Síria: não mereço trazer-lhe o nome, pois sou o último dentre eles. Passar bem em Jesus Cristo, sujeitando-vos ao bispo como ao mandamento do Senhor, e também ao presbitério. Amai-vos mutuamente, um por um, em coração indiviso. Meu espírito por vós se empenha, não apenas agora, também quando com Deus me encontrar. Ainda estou em perigo, mas o Pai é fiel para cumprir em Jesus Cristo o meu e o vosso pedido. Oxalá vos encontreis irrepreensíveis n’Ele.



sábado, 14 de janeiro de 2017

† DOMINGO DIA DO SENHOR.

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DOMINGO DIA DO SENHOR


A Igreja Católica desde o século I, estabelece o dia do Senhor  no domingo, devido ser neste dia , quando o Senhor venceu a morte, ressuscitando.

Desde então, Jesus começou a manifestar a seus discípulos que precisava ir a Jerusalém e sofrer muito da parte dos anciãos, dos príncipes dos sacerdotes e dos escribas; seria morto e ressuscitaria ao terceiro dia. (São Mateus 16, 21)

Perseveravam eles na doutrina dos apóstolos, na reunião em comum, na fração do pão e nas orações. (Atos dos Apóstolos 2, 42).

No primeiro dia da semana, estando nós reunidos para partir o pão, Paulo, que havia de viajar no dia seguinte, conversava com os discípulos e prolongou a palestra até a meia-noite.(Atos dos Apóstolos 20, 7)

Em Apocalipse (1,10), S. João diz: “No dia do Senhor (domingo), fui movido pelo Espírito…”


Santo Inácio de Antioquia , Bispo  Católico, ano 110 d.C em sua carta aos magnésios, afirma o seguinte:



"Se, então, aqueles que eram educados na antiga ordem das coisas se apossaram da nova esperança, não mais observando o sábado, mas observando o Dia do Senhor, no qual também a nossa vida foi libertada por Ele e por Sua morte – alguns negam que por tal mistério obtemos a fé e nele perseveramos para que ser contados como discípulos de Jesus Cristo, nosso único Mestre – 2como seremos capazes de viver longe Dele, cujos discípulos e os próprios profetas esperaram no Espírito para que Ele fosse o Instrutor deles? Era Ele que certamente esperavam, pois vindo, os libertou da morte."



S. Justino 165 d.C Mártir legou-nos também o seu testemunho: 


“Reunimo-nos todos no 'Dia do Sol', porque é o primeiro dia após o Sábado dos judeus, mas também o primeiro dia em que Deus, extraindo a matéria das trevas, criou o mundo e, neste mesmo dia, Jesus Cristo, nosso Salvador, ressuscitou dentre os mortos.”(Apologia 1,67)





S. Jerônimo 420 d.C, Confessor e Doutor da Igreja, atestou a praxis sempiterna da Igreja: 

“O Dia do Senhor, o Dia da Ressurreição, o Dia dos Cristãos, é o nosso dia. Por isso se chama Dia do Senhor: foi nesse dia que o Senhor subiu vitorioso para junto do Pai. Se os pagãos o denominam Dia do Sol, também nós o confessamos de bom grado: pois hoje levantou-se a Luz do Mundo, hoje apareceu o Sol de Justiça cujos raios trazem a salvação.”
(CCL, 78,550,52)


CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

O DOMINGO – REALIZAÇÃO DO SÁBADO

2175. O domingo distingue-se expressamente do sábado, ao qual sucede cronologicamente, em cada semana, e cuja prescrição ritual substitui, para os cristãos. O domingo realiza plenamente, na Páscoa de Cristo, a verdade espiritual do sábado judaico e anuncia o descanso eterno do homem, em Deus. Porque o culto da Lei preparava para o mistério de Cristo e o que nela se praticava era figura de algum aspecto relativo a Cristo (92):

«Os que viveram segundo a antiga ordem das coisas alcançaram uma nova esperança, não guardando já o sábado mas o dia do Senhor, em que a nossa vida foi abençoada por Ele e pela sua morte» (93).

2176. A celebração do domingo é o cumprimento da prescrição moral, naturalmente inscrita no coração do homem, de «prestar a Deus um culto exterior, visível, público e regular, sob o signo da sua bondade universal para com os homens» (94). O culto dominical cumpre o preceito moral da Antiga Aliança, cujo ritmo e espírito retoma, ao celebrar em cada semana o Criador e o Redentor do seu povo.



† CARTAS DO BISPO SANTO INÁCIO DE ANTIOQUIA AOS MAGNÉSIOS;



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CARTA AOS MAGNÉSIOS





Inácio, também chamado Teóforo, envia à Igreja na Magnésia do Meandro, que é abençoada na graça de Deus Pai em Cristo Jesus nosso Salvador, saudações e votos de felicidade em Deus Pai e em Jesus Cristo.



1.



1 Tomando conhecimento de vossa caridade bem ordenada segundo Deus, decidi-me, alegre, avançar-vos uma palavra na fé de Jesus Cristo. 2 Honrado com um nome de esplendor divino, nos grilhões que carrego, canto as Igrejas nas quais desejo a união da carne e do espírito de Jesus Cristo, que é nossa vida para sempre, a união da fé e da caridade, à qual nada supera, e, para dizer coisa ainda mais sublime, a união de Jesus e do Pai. Nêle teremos parte em Deus, se resistirmos a tôdas as maquinações do príncipe dêste mundo e delas nos livrarmos.



2.



1 Uma vez que tive a honra de ver-vos através de Damas, vosso bispo digno de Deus, e dos dignos presbíteros, Basso e Apolônio, e do colega de serviço e o diácono Zócio, cuja companhia me daria prazer e, porque está sujeito ao bispo como à graça de Deus e ao presbitério como à lei de Jesus Cristo...



3.



1 Não vos assentaria bem valer-vos da pouca idade do bispo, dispensai-lhe sim, quanto Deus Pai concede, tôda prova de respeito. Como soube, também os santos presbíteros não menosprezaram a condição de jovem que nêle salta aos olhos, mas se lhe submetem como gente sensata em Deus. Aliás não é a êle que se submetem, mas ao Pai de Jesus Cristo, Bispo de todos. 2 Por respeito Àquele que nos elegeu, convém obedecermos sem nenhuma hipocrisia, uma vez que ninguém engana a tal ou tal bispo visível, mas abusa do bispo invisível. É o caso de dizer, não se trata de carne, mas de Deus que conhece o oculto.



4.



1 Convém pois não chamar-se apenas cristão mas o ser também; assim existem pessoas que falam do bispo, mas fazem tudo sem êle. Estes tais não me parecem estar de consciência boa, porque suas reuniões não são legítimas, conforme o mandamento.



5.



1 Pois as coisas chegam a seu desfecho e são duas as que nos antolham, a saber, a morte e a vida, e cada qual há de ir para seu lugar próprio. 2 Como existem duas moedas, uma de Deus e outra do mundo, e cada qual delas possui sua cunhagem própria, os infiéis possuem a dêste mundo, os fiéis porém que se acham na caridade, a de Deus Pai através de Jesus Cristo, cuja vida não estará em nós, se não escolhermos livremente, por graça d'Êle, morrer, para participarmos de Sua Paixão.



6.



1 Uma vez pois que nas pessoas acima mencionadas cheguei a ver e a amar pela fé tôda a comunidade, exorto: Esforçai-vos por fazer tudo na harmonia de Deus, sob a presidência do bispo em lugar de Deus e dos presbíteros em lugar do colégio dos apóstolos e dos diáconos, particularmente queridos, encarregados do serviço de Jesus Cristo, o qual antes dos séculos estava com o Pai e nos últimos tempos se manifestou. 2 Conformando-vos assim todos ao proceder de Deus, amai-vos uns aos outros, e ninguém considere o próximo segundo a carne, mas amai-vos sempre mùtuamente em Jesus Cristo. Nada haja entre vós que possa dividir-vos, mas uni-vos com o bispo e com os presidentes, para constituirdes uma imagem e um ensinamento de imortalidade.



7.



1 Assim como o Senhor nada fêz sem o Pai com o qual estava unido, nem pessoalmente, nem através dos apóstolos, assim também vós nada haveis de empreender sem o bispo e os presbíteros, nem queirais tentar fazer passar por razoável o que fazeis à parte. Cuidai mesmo de haver, em comum, uma só oração, uma só súplica, uma só mente, uma esperança, na caridade, na alegria imperturbável; isto é, Jesus Cristo, a quem nada é preferível. 2 Acorrei todos ao único templo de Deus, ao único altar do sacrifício, a um só Jesus Cristo, que saiu de um só Pai, permaneceu Num só e a Êle voltou.



8.



1 Não vos deixeis iludir pelas doutrinas heterodoxas, nem pelos velhos mitos sem utilidade. Pois se ainda agora vivemos conforme o judaísmo, confessamos não ter recebido a graça. 2 Pois os profetas, tão divinos, viveram segundo Jesus Cristo. Por isso mesmo foram perseguidos. Inspiraram-se em Sua graça, a fim de que os incrédulos se convencessem plenamente que há um só Deus, a manifestar-se por Jesus Cristo Seu Filho, Sua palavra saída do silêncio, que em tudo agradou Aquele que O enviou.



9.



1 Assim os que andavam na velha ordem das coisas chegaram à novidade da esperança, não mais observando o sábado, mas vivendo segundo o dia do Senhor, no qual nossa vida se levantou por Ele e por Sua morte, embora alguns o neguem. Mas é por êsse mistério, que recebemos a fé e por êle é que perseveramos, para sermos de fato discípulos de Jesus Cristo nosso único mestre. 2 Como pois poderemos viver sem Êle, a quem mesmo os Profetas, discípulos pelo Espírito, esperavam como Seu mestre? E foi por isso que Êle, em quem esperavam na justiça, os ressuscitou dos mortos, pela Sua presença.



10.



1 Não nos façamos pois insensíveis à Sua bondade. Pois se Êle imitar nosso proceder, estaremos liquidados. Por isso, tornando-nos discípulos Seus, aprendamos a viver segundo o cristianismo. Pois quem usar outro nome fora dêsse não é de Deus. 2 Ponde assim de lado o mau fermento, envelhecido e azedado, e transformai-vos em nôvo fermento, que é Jesus Cristo. Seja Êle vosso sal, para ninguém dentre vós se corromper, pois sereis julgados a partir do odor. 3 É absurdo falar de Jesus Cristo e viver como judeu. O cristianismo não depositou sua fé no judaísmo, mas o judaísmo no cristianismo, junto ao qual se reuniram tôdas as línguas que creram em Deus.



11.



1 Tudo isso, meus amados, vos comunico, não porque tivesse sabido que alguns dentre vós assim procedem, mas, sendo o menor dentre vós, desejo ver-vos alertados, para não vos deixardes prender pelos anzóis da vaidade, mas para vos convencerdes plenamente do nascimento, da paixão e da ressurreição que se deu sob Pôncio Pilatos. Tais coisas foram realizadas de verdade e de fato por Jesus Cristo, nossa esperança. E não aconteça a alguém de vós afastar-se dela.



12.



1 Gostaria de alegrar-me convosco em tudo, caso o mereça. Pois, mesmo se estou prêso, nada sou em comparação com qualquer um de vós que estais soltos. Sei que não vos encheis de orgulho, pois tendes Jesus Cristo em vós. E mais. Se vos louvo, sei que vos confundis, como está escrito, o justo é seu próprio acusador.



13.



1 Cuidai por conseguinte de permanecer firmes nas doutrinas do Senhor e dos Apóstolos, para que tudo quanto fazeis se encaminhe bem na carne e no espírito, na fé e na caridade, no Filho e no Pai e no Espírito, no comêço e no fim, em união com vosso bispo muito digno e a coroa espiritual bem trançada de vosso presbitério e com os diáconos segundo o coração de Deus. 2 Sêde sujeitos ao bispo, e uns aos outros, como Jesus Cristo está sujeito ao Pai, segundo a carne e os Apóstolos a Cristo e ao Pai e ao Espírito, para que a união se faça tanto no corpo quanto no espírito.



14.



1 Como sei que estais repletos de Deus, exortei-vos brevemente. Lembrai-vos de mim nas vossas orações, para que chegue a Deus, como também da Igreja da Síria da qual não mereço trazer o nome. De fato preciso estar unido convosco na oração e na caridade em Deus, para que a Igreja na Síria mereça receber o orvalho através de vossa Igreja.



15.



1 De Esmirna, donde vos escrevo, saúdam-vos os efésios, que como vós se fizeram presentes para a glória de Deus. Animaram-me em tudo, junto com Policarpo, bispo dos esmirnenses. Também as demais Igrejas vos saúdam na honra de Jesus Cristo. Passar bem na concórdia de Deus, possuidores que sois do espírito indiviso que é Jesus Cristo.



sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

† CARTAS DO BISPO SANTO INÁCIO DE ANTIOQUIA AOS EFÉSIOS.

 Αγαπούν την αλήθεια που είναι ΧΡΙΣΤΟΥ












CARTA AOS EFÉSIOS


Esta carta foi escrita em Esmirna onde Policarpo era bispo, aproximadamente em 107 d.C.. Onésimo, então bispo de Éfeso, vai até Esmirna saudar Inácio. Inácio aproveita a oportunidade para enviar uma carta à comunidade de Éfeso.

A carta divide-se em uma breve saudação, recomendações e despedida. A carta dá testemunho que a Igreja já se encontrava organizada em três níveis hierárquicos distintos: bispo, presbíteros e diáconos.

O tema central é a unidade dos cristãos: unidade com os diáconos, presbíteros e com o bispo. Dá forte testemunho da importância do bispo, que representava o próprio Senhor. Inácio testemunha que aquele que não se submete ao bispo, é orgulhoso e indigno de participar da família de Deus.

Inácio, revela-se conhecedor das processões divinas em Deus, ao reconhecer no Cristo a processão intelectiva de Deus (“De fato, Jesus Cristo, nossa vida inseparável, é o pensamento do Pai” cf. Ef 3:2), o que seria mais tarde explicado à luz da filosofia por São Tomás de Aquino, em sua obra Suma Teológica.

O Santo Bispo de Antioquia, dá forte testemunho da Divindade de Jesus Cristo (cf. Ef.1:1 ; 7:2), o Salvador gerado e não gerado (ingênito). Com este testemunho, Inácio trouxe para a construção do Dogma, pedras sólidas que ajudaram o Concílio de Nicéia (325 d.C.) a fixar no Credo o “genitum non factum”, isto é, gerado e não criado. Embora Inácio ainda não tivesse esta precisão, Atanásio que colaborou na elaboração do vocábulo, reconheceu a perfeita ortodoxia no texto desta carta.

A Obra

Tradução por Carlos Martins Nabeto

Introdução

Inácio, também chamado Teóforo, àquela que é bendita em grandeza na plenitude de Deus Pai, predestinada antes dos séculos a existir em todo o tempo, unida para uma glória imperecível e imutável, e eleita na Paixão verdadeira, pela vontade do Pai e de Jesus Cristo nosso Deus à Igreja digna de bem-aventurança, que vive em Éfeso da Ásia, todos os bens em Jesus Cristo e os cumprimentos numa alegria impoluta.

Capítulo I

Tomei conhecimento em Deus de vosso nome tão apreciado, que granjeastes por uma apresentação correta, baseada na fé e caridade em Jesus Cristo nosso Salvador. Sendo imitadores de Deus reanimados no sangue de Deus, levastes a termo a obra que vos é congênita. Assim ouvindo que eu vinha da Síria, preso pelo Nome e pela esperança que nos são comuns, confiando chegar até Roma para combater as feras, graças à vossa oração, a fim de ter a felicidade de tornar-me discípulo, vós vos apressastes em ver-me. Recebi, pois, toda a vossa grande comunidade em nome de Deus na pessoa de Onésimo, dotado de indizível caridade e vosso bispo segundo a carne. Peço-vos que o ameis em Jesus Cris­to e que a Ele todos vos assemelheis. Bendito Aquele que vos fez a graça, já que vos mostrastes dignos de possuirdes tal bispo.

Quanto a Burrus, meu companheiro de serviço e vosso diácono bendito em todas as coisas segundo o coração de Deus, pediria que continue a meu lado para honra vossa e de vosso bispo. Mas também Crocos, digno de Deus e de vós, a quem acolhi como prova de vosso amor, confortou-me ele de toda a sorte, como também o Pai de Jesus Cristo lhe há de dar conforto junto com Onésimo, Burrus, Euplos e Fronton, pois em suas pessoas vi a todos vós na caridade. Gostaria de merecer a graça de alegrar-me convosco em tudo. Bem, por isso é que convém glorificar de toda sorte a Jesus Cristo que vos tem glorificado para que, reunidos em uma só submissão, sujeitos ao bispo e ao presbitério, vos santifiqueis em todas as coisas.

Capítulo II

Não vos dou ordens como se fora alguém. Mesmo que carregue os grilhões pelo Nome, ainda não cheguei à perfeição em Jesus Cristo. Pois agora é que começo a instruir-me e vos falo como a meus condiscípulos. Eu de fato deveria ser ungido por vós com fé, exortações, paciência, grandeza d’alma. Mas, desde que a caridade não me permite calar-me sobre vós, tomei a dianteira de exortar-vos a correr de acordo com o pensamento de Deus. Pois Jesus Cristo, nossa vida inseparável, é o pensamento do Pai, como por sua vez os bispos, estabelecidos até os confins da terra, estão no pensamento de Jesus Cristo.

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Segue daí, que vos convém avançar junto, de acordo com o pensamento do bispo, como aliás fazeis. Pois vosso presbitério digno de tão boa reputação, digno que é de Deus, sintoniza com o bispo como cordas com a cítara. Por isso, no acorde de vossos sentimentos e em vossa caridade harmoniosa, Jesus Cristo é que é cantado. Mas também, um por um, chegais a formar um coro, para cantardes juntos em harmonia; acertando o tom de Deus na unidade, cantais em uníssono por Jesus ao Pai, a fim de que vos escute e reconheça pelas vossas boas obras, que sois membros de seu Filho. Vale assim a pena viver em unidade intangível, para que a toda hora também participeis de Deus.

Pois, se em tão curto lapso de tempo tive tal intimidade com vosso bispo, não em sentido humano mas espiritual, quanto mais devo felicitar-vos por estardes tão profundamente ligados a ele como a Igreja a Jesus Cris­to e como Jesus Cristo ao Pai, para que todas as coisas estejam em sintonia na unidade. Não se iluda ninguém. Se não se encontrar no interior do recinto do altar, ver-se-á privado do pão de Deus. Vede, se a oração de um e dois possui tal força, quanto mais então a do bispo e de toda a Igreja! Aquele que não vem à reunião comum já se revela como orgulhoso e se julgou a si próprio, pois está escrito: «Deus se opõe aos orgulhosos». Por conseguinte, cuidemo-nos de não nos opormos ao bispo, para estarmos submissos a Deus.

E quanto mais alguém percebe que o bispo se cala, mais o respeite. Pois aquele a quem o dono da casa delega para a administração e preciso que o recebamos como receberíamos ao que o enviou. Torna-se pois evidente que se deve olhar para o bispo, como para o próprio Senhor. De fato, porém, o mesmo Onésimo exalta vossa boa disciplina em Deus, dizendo que viveis to­dos conforme a verdade e que entre vós não há heresia que chegue a tomar pé. Antes pelo contrário, a ninguém mais prestais ouvido, a não ser a Jesus Cristo, que fala na verdade.

Capítulo III

Há os que costumam, por um ardil pernicioso, servir-se por toda parte do Nome, mas praticam coisas indignas de Deus. A estes evitareis como a animais selvagens. São realmente cães raivosos, que mordem traiçoeiramente. É preciso precaver-vos de suas mordeduras, difíceis de curar. Um é o médico, em carne e espírito, gerado e não gerado, aparecendo na carne como Deus, na morte vida verdadeira, tanto de Maria como de Deus, primeiro capaz de sofrer, depois impassível, Jesus Cristo Senhor Nosso.

Que ninguém vos iluda pois. Nem vos deixeis aliás iludir, sendo todo inteiros de Deus. Pois, se nenhuma intriga se armou entre vós, que vos possa atormentar, é sinal de que viveis segundo Deus. Sou vossa vítima e me ofereço em sacrifício por vossa Igreja, efésios, que será celebrada pelos séculos. Os carnais não podem praticar obras espirituais, nem os espirituais obras carnais, como nem a fé pratica as obras da infidelidade nem a infidelidade as da fé. Mas também aquilo que praticais, segundo a carne, é espiritual, pois fazeis tudo em Jesus Cristo.

Soube de pessoas que por lá passaram, fazendo-se portadoras de más doutrinas: não lhes permitistes espalhá-las entre vós, tapando os ouvidos para não acolher as sementes por eles espalhadas, sabendo que sois pedras do templo do Pai, preparadas para a construção de Deus Pai, alçadas para as alturas pela alavanca de Jesus Cristo, alavanca que é a Cruz, servindo-vos do Espírito Santo como de um cabo. Vossa fé por um lado é o guia, enquanto a caridade se transforma em caminho que leva para cima, até Deus. Sois assim todos companheiros de viagem, portadores de Deus, porta­dores de um templo, portadores de Cristo, portadores do que é santo, adornados em todos os sentidos com os preceitos de Jesus Cristo. Alegro-me por isso convosco, por­que tive a honra de falar-vos através dessa carta e de vos felicitar, porque, segundo a nova vida, nada amais senão somente a Deus.

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Capítulo IV

Mas também pelos demais homens rezai sem cessar. Pois neles existe esperança de conversão, de chegarem a Deus. Permiti-lhes que se instruam junto a vós por vossas obras. Diante de suas explosões de cólera, vós sereis mansos; diante de sua presunção, se­reis humildes; diante de suas blasfêmias, oferecereis orações, diante dos erros deles, manter-vos-eis firmes na fé, diante de sua selvageria, sereis pacíficos, sem pro­curar imitá-los. Que nos encontrem como irmãos pela bondade. Esforcemo-nos por sermos imitadores do Senhor quem mais do que Ele foi injustiçado? quem mais despojado? quem mais desprestigiado? Assim não seja encontrada entre vós planta alguma do diabo, mas que em toda pureza e temperança, permaneçais em Jesus Cristo, corporal e espiritualmente.

Capítulo V

Chegamos aos últimos tempos: resta envergonharmo-nos, temermos a longanimidade de Deus, para que ela não se transforme para nós em condenação. Ou temeremos a ira vindoura, ou amaremos a graça presente. Uma das duas. Só o fato de nos encontrarmos em Cristo Jesus nos garantirá entrada para a vida verdadeira. Fora dele, nada tenha valor para vós. É n’Ele que carrego os grilhões, estas pérolas espirituais. Com elas gostaria de ressuscitar, graças à vossa oração, na qual espero ter sempre parte para compartilhar também a herança dos cristãos de Éfeso, que também sempre estiveram unidos aos Apóstolos na força de Jesus Cristo.

Sei quem sou e a quem escrevo. Eu, um condenado; vós, os que alcançastes misericórdia. Eu, em perigo; vós, seguros. Vós sois o lugar de trânsito dos que são assumidos para Deus, iniciados nos mistérios com Paulo, o santificado, que recebeu testemunho, e mereceu chamar-se bem-aventurado, em cujas pegadas gostaria de encontrar-me na hora de estar com Deus, ele que em todas as cartas de vós se lembra em Cris­to Jesus.

Cuidai, pois, de reunir-vos com mais freqüência, para dar a Deus ação de graças e louvor. Pois, quando vos reunis com freqüência, abatem-se as forças de Satanás e desfaz-se o malefício, pela vossa união na fé. Nada melhor que a paz, que aniquila toda guerra de poderes celestes ou terrestres.

Capítulo VI

Nada disso constitui novidade, se mantiverdes de modo perfeito em Jesus Cristo a fé e a caridade, que são o começo da vida e seu fim. Pois o começo é a fé e o fim a caridade. Ambas reunidas são Deus, enquanto que tudo o mais é conseqüência para a perfeição humana. Ninguém peca enquanto professa a fé, ninguém odeia enquanto possui a caridade. Conhece-se a árvore pelos seus frutos, assim os que professam ser de Cristo serão reconhecidos pelas obras. Pois nesta hora não é de profissão de fé que se trata, mas de nos mantermos na prática da fé até ao fim.

Capítulo VII

É melhor calar-se e ser do que falar e não ser. É maravilhoso ensinar, quando se faz o que se diz. Assim, um é o Mestre «que falou e tudo foi feito», também aquilo que realizou em silêncio é digno do Pai. Quem de fato possui a Palavra de Jesus pode até ouvir-lhe o silêncio; para ser perfeito, para agir pelo que fala e ser reconhecido pelo que cala. Nada escapa ao Senhor; antes, o que é segredo para nós está perto d’Ele. Façamos pois tudo como se Ele em nós morasse, para sermos seus templos e Ele nosso Deus em nós. E é essa a realidade; e ela se manifestará aos nossos olhos, se o amarmos devidamente.

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Não vos iludais, meus irmãos, os corruptores da família não herdarão o Reino de Deus. Pois, se pereceram os que praticavam tais coisas segundo a carne, quanto mais os que perverterem a fé em Deus, ensinando doutrina má, fé pela qual Jesus Cristo foi crucificado? Um tal, tornando-se impuro, marchará para o fogo inextinguível, como também marchará aquele que o escuta.

Por isso, recebeu o Senhor unção sobre a cabeça para exalar em favor da Igreja o perfume da incorrupção. Não vos deixeis ungir pelo mau odor da doutrina do príncipe deste mundo, de forma que vos leve cativos para longe da vida que vos espera. Por que não nos tornamos prudentes, aceitando o conhecimento de Deus, isto é, Jesus Cristo? Por que morrermos tolamente, desconhecendo o dom que o Senhor nos enviou de verdade?

Capítulo VIII

Meu espírito é vítima destinada à Cruz, e esta é escândalo para os incrédulos; para nós, porém, salvação e vida eterna. Onde se encontra o sábio? Onde o pesquisador? Onde a fama dos assim chamados intelectuais? Pois nosso Deus, Jesus Cristo, tomou carne no seio de Maria segundo o plano de Deus, sendo de um lado descendente de Davi, provindo por outro do Espírito Santo. Nasceu, foi batizado, para purificar a água pela sua Paixão.

Permaneceu oculta ao príncipe deste mundo a virgindade de Maria e seu parto, como igualmente a morte do Senhor: três mistérios de grande alcance que se processaram no silêncio de Deus. Como então foram eles manifestados aos séculos? Um astro brilhou no céu, mais que todos os astros, sua luz era inenarrável e sua novidade suscitou estranheza; todas as demais estrelas por sua vez junto com o sol e a lua formaram coro em torno do astro, ele, no entanto, projetava mais luz que todos os demais; produziu-se con­fusão: donde viria a novidade, tão diversa deles próprios? A conseqüência disso foi que toda a magia se desfez e que desapareceu toda cadeia de maldade; a ignorância se dissipou, o antigo reinado se destruiu, quando Deus apareceu em forma humana, para a novidade da vida eterna; começou a realizar-se o que fora decidido jun­to a Deus. Desde então tudo se movimentou a um tempo, porque se preparava a destruição da morte.

Se Jesus Cristo, pela vossa oração, me tornar digno e se for de Sua vontade, num segundo escrito que desejo compor para vós, hei de esclarecer o que iniciei, a saber, o plano da salvação, em relação ao homem novo, Jesus Cristo, na fé para Ele e no amor para com Ele, em Sua Paixão e Ressurreição. Sobretudo se o Senhor me revelar, que todos, em particular e em comum, na graça que procede do Nome, vos reunis na mesma fé e em Jesus Cristo, que descende segundo a carne de Davi, filho do homem e filho de Deus, para obedecermos ao bispo e ao presbitério numa concórdia indivisível, partindo um mesmo pão, que é o remédio da imortalidade, antídoto contra a morte, mas vida em Jesus Cristo para sempre.

Capítulo IX

Sou preço de resgate para vós e para os que enviastes para honra de Deus a Esmirna, donde também vos escrevo, em sinal de gratidão ao Senhor e como prova de amor a Policarpo como a vós. Lembrai-vos de mim, como também Jesus Cristo se lembra de vós. Rezai pela Igreja da Síria, donde sou levado preso para Roma. Sendo o último dos fiéis de lá fui julgado digno de servir à honra de Deus. Saudações em Deus Pai e em Jesus Cristo, nossa esperança comum.